Sempre me fascinou a manipulação
A mestria dos actores
A capacidade de dissimulação
O notável desempenho das mãos
Sempre procurei a definição
De um sentimento ou de um sentido
De um pedaço inerte pendurado
Em vários fios que lhe dão vida
Sempre admirei a representação
O jogo de cordas e de bonecos
Sem que nunca se enredassem
Nem se atrapalhassem na função
Mas quando damos conta
Que a realidade do conto teatral
Tantas vezes nos puxa também
Qual fio preso num inerte
Um braço, que não queremos
Uma perna, que não desejamos
Uma cabeça, que não mexa
Um tronco, que não dobre
Damos conta, que tal como a vida
É uma representação desenfreada
Também somos por vezes manipulados
Belas marionetas em mãos de bonecreiros