As palavras dos outros...

De nada vale tentar ajudar quem não se ajuda a si próprio. "Confucio"

segunda-feira, 31 de março de 2008

Há, pronto...


Há silêncios ensurdecedores,
Há conversas em silêncio,
Há gente que nunca será,
Há amores que não o são,
Há males que vem por bem,
Há olhares cegos,
Há vazios cheios de nada
Há solidão na multidão,
Há coisas que talvez entenda,
Há momentos que não.

sexta-feira, 28 de março de 2008

A Ti


Na vista sobre o mar,
Percebemos que a sua
Imensidão e grandeza,
Só não tem comparação
Com a pequena lágrima
Que rola na face e
Provem da nossa alma.

Meia história (2)


Entraram no restaurante. Reservado, calmo, bom de mesa.
No tecto pende um candeeiro, que permite às pessoas ficarem
numa penumbra doce, ténue, dando uma sensação de calma,
apenas interrompida por acordes mais fortes, do piano instalado
a meia sala, que o pianista, indolente e pacientemente parece
tocar, como se já o fizesse faz séculos.
Sentaram-se, ficaram de frente.
Trocaram a conversa normal e de circunstância com o empregado
de mesa, simpático e eficiente.
Escolheram o que comer, mas dava a sensação que não estavam ali
para isso.
Até final do jantar, não trocaram mais que palavras simples e rápidas.
Nem a comida conseguía fazer desviar aqueles longos e silenciosos olhares.
Estavam a "falar" é um facto, ninguém dava conta, só eles.
O jantar terminou, saíram, entraram no carro.
Daí para a marginal foi rápido.
Estacionaram, as portas abriram-se, passaram para os bancos
traseiros.
Tocaram-se, as barreiras quebraram-se.
A ela, o vestido tombou-lhe dos ombros, e os seios erectos cor de
ameixa, ficaram à mostra, deitou-se indolente, calma e serena.
Ele, despia a camisola de forma rápida e desajeitada.
A lua deixava perceber os corpos nus, onde se percebia a sua beleza,
com contornos sombreados pela pouca luz.
A entrega dos corpos e dos pensamentos era total, amavam-se...

Eu, eu...


O Eu irado,
Manifestava-se
Contra o meu proceder,
Para minha defesa
Há o eu que discorda,
Que faz voar as ideias.
Luto com os dois
Não te julgues diz o eu,
Achas bem diz o Eu,
No final, cansado,
Nunca percebo...

Olhares


Olhei,
Pareceu-me ver...
A Eva de tempos idos,
Amor de todos os homens,
Ciume de muitas mulheres,
Portadora da fruta
Que a serpente lhe deu
Para nos ser dada...
Olhei de novo,
Quando dei conta...
Não era mais que um
Manequim fora de montra,
Frio, pálido, hirto e sem emoções.

quinta-feira, 27 de março de 2008

ComFUSÕES


Tudo me parece fútil e vago,
Vejo cães atravessados
Por linhas horizontais e verticais
Vejo a raiz quadrada
A discutir com o quadrado da hipotenusa
Sinto na pele os olhos dos filósofos
Vejo o D. João V ao volante de um Mig 25
Até que chega a luz da manhã
A rotina começa...

Quadro


Quem me dera conseguir pendurar
Numa branca parede
Um quadro onde a luz, a sombra
E o movimento dos corpos
Se tocam como espadas desembainhadas.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Medos


Raramente senti medo de algo,
excepto da morte...
Ainda não percebi muito bem porquê,
inspira-me um sentimento tremendo,
por mais que tente, não consigo explicar.
A Morte é algo de que não gosto de falar,
talvez por ter receio que a minha seja
dolorosa, quando a quero, rápida, indolor,
calma e tranquila.
Ás vezes dá-me a sensação que tenho algo
pendente.
Voltei a experimentar a horrível sensação
de ter estado muito perto dela.
Isso incomoda-me, irrita-me, deixa-me
perdido...
Provavelmente, o melhor, é mesmo viver
e rapidamente...

terça-feira, 25 de março de 2008

Voluntariamente


Assim se prendem
Dois loucos que se amam.
Questionados, responderam:
Prisão Perpétua.

Meia História


...Se bem que um pouco mais rápido ele tirou a camisa
e as calças; enquanto despia a roupa interior, ela sentia
os joelhos a fraquejar, e ao primeiro contacto sentiu-se
excitada.
As pernas ergueram-se e circundavam-no na cintura, a
respiração parecia suspensa no peito e arquejante.
Fitando-o, prostrada, de pernas abertas e joelhos retraídos,
sentia-se quase vazia, oca, diria, como se lhe tivessem arrancado
as entranhas.
Debruçou-se sobre ela, e ao jeito de quem lhos queria arrebatar,
agarrou-lhe os seios, ela gemia de dor e torcia-se.
Os seus corpos sacudidos, descontrolados vibravam, com a
violência de uma máquina gigantesca, a sua força era algo
nunca visto, finalmente os corpos tinham sido queimados
pelos estremeções convulsivos de paixão gritada bem alto.
A mulher vence a luta o homem só é mais forte no momento.

Feios, sujos, porcos e maus


Ás vezes dou comigo a pensar, em como
tudo seria diferente se realmente eu tivesse o condão
de me transformar e colocar na galeria dos notáveis,
que pertencem ao agrupamento que titula este texto.
Faz muitos anos que descobri, que lá não pertencia.
Existem no entanto momentos, que por uma razão,
ou por outra, seria muito mais fácil, se assim acontecesse.
Reflectindo, e voltando a fazê-lo, prefiro continuar a ser
assim:
a ter afectos,
orgulho de ser o que sou,
como dou,
ou
como me dou,
permite-me sentir como um raio de sol, que penetra na
floresta virgem, e faz crescer uma vontade de permanecer
vivo, e não desistir de estar num mundo que em nada,
mas mesmo nada, tem a ver com a cáfila que polula por aí.
Mas, pergunto, será que a maior parte das pessoas, não
prefere os maus, porcos, sujos e feios?

sábado, 22 de março de 2008

Mimos


Os Mimos despertaram sempre em mim,
um universo de imaginação, qual cinema fantástico,
ou teatro da vida.
São artistas que sempre admirei e tal como eles,
nos fazem despertar sensações, também outros
mimos de natureza afectiva nos fazem libertar,
quantas vezes, incontidas e irrepetiveis emoções.
Os gestos precisos e milimétricos do Mimo, são muitas
vezes, parecidos com nossos, serenos e
plenos de emoção, ou até quiçá, carregados de
afectos e sensualidade que nos preenchem a alma.
Eu definitivamente gosto deles.

Poema Inacabado


É o terminar de um desespero,
Que senti, que calei...
Será?
Talvez...
Mas é,
O enfrentar do grito,
Que corre pelo atalho,
Em solo percorrido...
É a vida,
Um poema e inacabado.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Lixo


Hoje,
Senti-me,
Lixo,
Não vai voltar
a acontecer.

terça-feira, 11 de março de 2008

Morte


"A morte saiu à rua num dia assim"...
E quando isso acontece, tudo deixa de ter significado, quanto mais não seja por umas horas ou por uns dias.
Quando ela chega e nos apanha distraídos, vem o choque e a revolta, quando é anunciada, nós fingimos que estamos preparados para a receber. Chegada a hora, há revolta e frustração.
A morte é uma inevitabilidade, que uns acham perfeitamente natural, e dizem: "eu não tenho medo dela", outros referem: "quando ela chegar seja rápida". Eu incluo-me nos últimos.
Por isso viver a vida de forma rápida pode ser um trunfo, para quem pretende saborear sistematicamente o bom que isso é.
Perante tudo isto, dizer muito mais, é claramente difícil, e este exercício serve apenas de catarse, perante algo que me incomoda.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Chuva


A chuva traz-me à memória frases e momentos "batidos".
Custou-me levantar hoje e pensar que uns anos antes ouvia com gosto, e sem cessar, os sons que a "Mata" me trazia em dias de invernia e o quanto me descansava. Que bom era ouvir, a chuva lá fora...
Quando me levantei:
Custou-me olhar no espelho porque sabia que iria assistir a um exercício de cinismo puro e duro, daí a momentos.
Custou-me falar cru e mal passado, mas não aguentava mais...
Custou-me deixar que outros se apercebessem...
Custou-me ver rostos, com reacção de espanto...
Custou-me fazer este exercício de cidadania, apesar de tudo ainda há coisas que sobram...
Custou-me fazer com que a máscara caísse, mas tinha que ser...
A verdade não se podia continuar a transformar em mentira.
O cinismo tinha que ser travado.
Por isso, hoje te peço perdão chuva, não te aproveitei...
Acredita, foi por uma boa causa.
Sinto-me mais leve, por isso, irei caminhar um pouco e sentir a "doçura do teu toque"...

sexta-feira, 7 de março de 2008

Esquecer


Mesmo que não se consiga tirar da cabeça,
o que do coração ainda não saiu...
É preciso esquecer.
Tudo se pode esquecer mesmo o que ainda nao desapareceu.
Esquecer o tempo dos mal-entendidos.
E o tempo perdido a querer saber como esquecer essas horas,
Que de tantos porquês,
Por vezes matam a felicidade.

O Palco


O palco, seja aquele onde o imaginário se perde quando olhamos de frente para a performance, seja o da vida, é sempre fonte de inspiração, é algo que exerce um poder indiscritivel, é mistério, é poder, é amar, é desilusão, é rir, é chorar, com e sem máscara, com e sem maquilhagem... Um dia alguém me perguntou, quer morrer de forma rápida, ou quer ter uma vida fora dos palcos e mais longa, mais tranquila. Aí perguntei? "Consegue provar-me que dentro de segundos não deixo de falar consigo por ter tido um ataque cardíaco fulminante"? Ele respondeu: "NÃO". "Então estamos conversados. Como não existe certeza de nada, prefiro morrer num palco, hoje, amanhã, talvez.
Não é agora importante falar disso, mas sei pelo menos uma coisa, morrerei, ou no palco da Vida, ou On The Stage." Disse-lhe eu. Efectivamente este blog falará de palcos, das coisas boas e más, daquilo que no fundo é transversal à minha realidade.